01 septiembre, 2012

Yo (Torquato Neto)

La versión en portugués del poema que encabeza(ba) este blog.
Una breve biografía del autor y debajo una traducción al catellano que no sé quien realizó pero la recuerdo de memoria de haberla leído hace unos cuantos años (décadas) en la revista Mutantia.
Una nota excelente en Revista Zunai comenta:
"su poema "Cogito", de indudable tono artaudiano, [...] parece anunciar su suicidio en las últimas líneas: "eu sou como sou / vidente / e vivo tranquilamente / todas as horas do fim"."
Y su cabezá voló...
Torquato habitó este planeta en una época convulsionada y bella y lo dejó muy pronto. De su paso breve han quedado recuerdos como este y otros tantos poemas.

IXX

fuente: http://www.releituras.com/
por http://luis-trimano.blogspot.com.ar/

     Cogito (Torquato Neto)


        eu sou como eu sou
        pronome
        pessoal intransferível
        do homem que iniciei
        na medida do impossível


        eu sou como eu sou
        agora
        sem grandes segredos dantes
        sem novos secretos dentes
        nesta hora


        eu sou como eu sou
        presente
        desferrolhado indecente
        feito um pedaço de mim


        eu sou como eu sou
        vidente
        e vivo tranqüilamente
        todas as horas do fim.




Torquato Pereira de Araújo Neto nasceu em Teresina (PI), no dia 09 de novembro de 1944. Foi contemporâneo de Gilberto Gil  no colégio em que estudou, em Salvador, tornando-se amigo do compositor e conhecendo também os irmãos Caetano Veloso e Maria Bethânia. Em 1966 mudou-se para o Rio de Janeiro, começando seus estudos de Jornalismo. Mesmo sem ter concluído o curso, iniciou-se na profissão trabalhando em diversos jornais cariocas, tendo criado e redigido a coluna "Geleia Geral" no jornal carioca "Última Hora". Um dos criadores do movimento tropicalista, é o autor de inúmeras letras de músicas de sucesso, entre as quais destacamos "Mamãe, Coragem", "Geléia Geral", "Domingou", "Louvação", "Pra dizer adeus", "Rancho da rosa encarnada" e "Marginália II".

Em 10 de novembro de 1972, suicidou-se deixando o seguinte bilhete: "Tenho saudade, como os cariocas, do dia em que sentia e achava que era dia de cego. De modo que fico sossegado por aqui mesmo, enquanto durar. Pra mim, chega! Não sacudam demais o Thiago, que ele pode acordar" ("Extraño, como los cariocas, de día sentía y pensaba que estaba ciego. De modo que estoy tranquilo, mientras dure. Para mí, eso es suficiente! No sacudan demasiado a Thiago (su pequeño hijo de tres años), que pueden despertarlo").

Em 1973, ocorreu a publicação póstuma de seu livro "Os Últimos Dias de Paupéria", organizado por Ana Maria Silva Duarte e Waly Salomão. Três anos depois, alguns de seus poemas foram incluídos na antologia "26 Poetas Hoje", organizada por Heloísa Buarque de Hollanda. Em 1997, foram publicados quatro de seus poemas na antologia bilíngüe "Nothing the Sun Could Not Explain", organizada por Michael Palmer, Régis Bonvicino e Nelson Ascher.


O poema acima foi publicado no livro "Os Últimos Dias de Paupéria", Max Limonad - Rio de Janeiro, 1973, e  selecionado por Ítalo Moriconi para figurar no livro "Os cem melhores poemas brasileiros do século", Objetiva - Rio de Janeiro, 2001, pág. 269.

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Yo

Yo soy como soy
pronombre personal intransferible
del hombre que inicié
en la medida de lo imposible

Yo soy como soy ahora
sin grandes secretos de antes
sin nuevos secretos dientes
en esta hora

Yo soy como soy presente
desatado, indecente
hecho un pedazo de mi

Yo soy como soy vidente
y vivo tranquilamente
todas las horas del fin.

TN

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